Rachel Gunn terminou a competição sem pontuar e virou meme; ela também é professora na Universidade Macquarie, na Austrália, e pesquisa a cultura do break
Para aqueles que viram apenas uma pequena parte do Breakdance da Austrália, aqui está a partida completa para contextualizar foto.twitter.com/6vSeRbc4oX
– Da Integridade (@QBCCIntegrity) 10 de agosto de 2024
A curiosidade sobre o breakdancemodalidade que integrou o programa olímpico dos Jogos de Paris-2024foi sanada assim que as disputas aconteceram. O que chamou atenção, porém, foi o desempenho da australiana Arma de raio. Após sua apresentação, ela foi chamada por “mãe”, “tia” e até comparada com o personagem Homer Simpson nas redes sociais.
Raygun é o nome de b-girl (competidora do breakdance) de Rachel Gunn. Ela foi representante da Austrália nos Mundiais da modalidade entre 2021 e 2023. Além disso, porém, a dançarina também é professora da Universidade Macquarieem Sydney, e tem doutorado em estudos culturais, analisando justamente a política cultural e de gênero do break.
Raygun ficou na 22ª posição no ranking de classificação para a Olimpíada de Paris. Na classificação mundial da World DanceSport, porém, ela é a 4ª. A frente dela, está uma das adversárias, Nicka, em 3º lugar e prata na capital francesa.
Entre as críticas que recebeu em Paris, até mesmo o uso uniforme do time da Austrália, e não o mais comum streetwear, foi citado. Raygun desdenhou deste ponto. Sobre os memes quanto à sua performance, ela comentou no Instagram: “Não tenha medo de ser diferente, vá lá e se represente, você nunca sabe aonde isso vai te levar”.
Até mesmo nas suas publicações há piadas contra ela. “Não dê ouvidos a eles, Raygun. Eu também não sei dançar breakdance”, diz um comentário.
Um filme em que uma mãe exausta vê nas olimpíadas a única possibilidade de fugir da família. Ela engana seu país que é uma dançarina de break dance e consegue umas férias com tudo pago pelo governo. Podem produzir. foto.twitter.com/m8hNHg5XXe
—Flávia Boggio (@flaviaboggio) 10 de agosto de 2024
Uma das críticas tem fundamento em apontar que Raygun pratica o breakdance há anos, garantiu a classificação, mas não demonstrou nível para competir. Não há como definir, porém, como a modalidade funciona em termos de movimentos, já que a dança parte da liberdade de expressão própria. Entre o pódio feminino, por exemplo, composto pela japonesa Ami (ouro), Nicka (prata) e a chinesa 671 (bronze), há sequências mais dinâmicas e movimentos aéreos.
Já Raygun focou em outra linha, sem necessariamente desafiar as adversárias no mesmo estilo, mas com movimentos próprios. “Eu nunca ganharia destas garotas com o que elas têm de melhor, a dinâmica e os fortes movimentos. Então eu quis fazer diferente, ser artística e criativa, porque quantas vezes eu vou ter a chance na vida de fazer isso ao nível internacional?”, explicou.
O próprio Comitê Olímpico Internacional (COI) entende que a promoção de integração e diversidade dos Jogos Olímpicos acarreta situações em que alguns atletas estão níveis muito acima de outros. Ainda assim, Raygun conseguiu participar de torneios que lhe garantiram a vaga na qualificação.
“Estou obcecado como essa senhora enganou o governo australiano para pagar suas férias na França, e tudo o que ela teve que fazer foi fingir que dançava breakdance (@SenhoritaOoo1g)foto.twitter.com/YPk5mjIFL1
— TANTO (@tantotupiassu) 10 de agosto de 2024
A classificação da australiana se deu por ela vencer o Campeonato de Breaking da Oceania, em 2023. O estilo e o desempenho que ela apresentou em Paris não foi suficiente para avançar na Olimpíada, mas fez com que ela representasse sua região.
“Foi uma experiência incrível. Que palco, que arena, que plateia. A música estava ótima. Eu estou muito grata pela oportunidade”, disse ao Yahoo Esportes.
perdi muito com essa australiana do break dance é tipo o michael scott fazendo parkour
— alexandra de moraes (@pkvlsk) 9 de agosto de 2024
“Todos os meus movimentos são originais. Criatividade é realmente importante para mim. Eu vou lá e mostro minha arte. Às vezes, comunica para os jurados. Às vezes, não. Eu faço minha parte, e isso representa minha arte. É sobre isso”, refletiu.
Entre os b-boys, o ouro ficou com o canadense Phil Wizard. A prata, com o francês Dany Dann. E o bronze, com o norte-americano Victor. O breakdance teve caráter suplementar na Olimpíada de Paris e não deve integrar o programa olímpico de Los Angeles, em 2028.