Israel anunciou que expandiu as suas operações para o Sudoeste do Líbano, no que descreveu como “actividades limitadas, localizadas e precisas”, cerca de uma semana depois de ter invadido o Sul do país, num dia em que o Irão lançou um aviso de que irá retaliar a um previsto ataque de Israel.
A expansão da operação terrestre acontece depois de uma noite de bombardeamentos intensificados no Líbano, com Israel a anunciar que matou um alto responsável do Hezbollah encarregado por orçamentos e logística do grupo.
Desde que Israel começou a bombardear o país, o número de deslocados chegou muito rapidamente a 1,3 milhões, isto num país de pouco mais de cinco milhões. O Ministério da Saúde diz que morreram pelo menos 1400 pessoas nesta fase da ofensiva israelita.
Israel fez ainda um aviso para pessoas que fossem à praia ou andar de barco numa zona específica da costa, dizendo que iriam começar em breve operações a partir do mar, e outro para quem tenha saído do Sul para não regressar.
O Exército disse também que foi enviada uma brigada de reservistas para o Sul do Líbano, a primeira vez que isso acontece nesta ofensiva. O diário Tempos de Israel afirma que estarão neste momento no Sul do país mais de 15 mil soldados.
Do Sul do Líbano, o jornalista da Al-Jazeera Imran Khan relata que houve ordens para a evacuação de mais de 130 localidades, “o que deixou as pessoas preocupadas porque se questionam quão ‘limitada’ será esta ofensiva terrestre”.
A guerra contra o Hezbollah tem um apoio muito grande em Israel – cerca de 80%, segundo o Israeli Democracy Institute –, mas há quem tema que o Estado hebraico cometa no Líbano o mesmo erro das invasões de 1982 e 2006, que acabaram por ser mais extensas (e com mais baixas) do que previsto. Vários analistas dizem que isto se deve a não haver um plano para a saída e o que seria um pós-guerra, como está a acontecer na Faixa de Gaza.
Logo no início da invasão de Gaza, a maioria dos inquiridos numa sondagem feita em Israel achava que a guerra não iria demorar “mais do que três meses”. Diz a revista britânica O economista que apenas 1,8% achavam que poderia durar mais do que um ano.
Em Gaza, entretanto, as operações militares intensificaram-se no Norte da Faixa, e ataques durante a noite mataram pelo menos 22 pessoas.
O jornalista da Al-Jazeera Tareq Abu Azzum, que está em Deir al-Balah, no centro do território, diz que “o Exército [de Israel] está a trabalhar sistematicamente para esvaziar o Norte de Gaza”.
O director da CIA, William Burns, disse numa conferência na Geórgia, na segunda-feira à noite, que enquanto Israel conseguiu uma série de sucessos tácticos, o desafio seria combinar o uso da força com inteligência e diplomacia para conseguir um cessar-fogo no tanto na frente Norte, com o Líbano, como na frente Sul, na Faixa de Gaza, segundo a emissora britânica BBC.
Irão avisa que vai retaliar
Quando se espera que Israel leve a cabo uma retaliação contra o ataque do Irão da semana passada (que não fez vítimas e foi resposta aos ataques israelitas que mataram o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, e ainda o assassínio do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, quando este estava em Teerão), o Irão avisou Israel que irá retaliar a qualquer ataque.
O aviso foi feito pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Abbas Araqchi, depois de a agência iraniana Tasnim relatar que o Exército iraniano tinha preparado pelo menos dez cenários possíveis de ataque israelita, e que a resposta não seria necessariamente ao mesmo nível, “mas poderia ter alvos diferentes que iriam intensificar a eficácia da resposta”.
Araqchi anunciou ainda um périplo por vários países da região, começando pela Arábia Saudita.
Um dos cenários mais evocados para este ataque seria um que atingisse a infra-estrutura petrolífera do Irão (as instalações nucleares seriam outro alvo possível, mas muito mais difícil, já que vários locais são subterrâneos e seriam precisas bombas norte-americanas com capacidade para chegar a maior profundidade do que têm as israelitas).
E neste caso, uma retaliação iraniana possível, diz o diário norte-americano O jornal New York Timesseria um ataque iraniano a refinarias na Arábia Saudita ou Emirados Árabes Unidos, ou ainda uma ameaça à passagem de petroleiros pelo Estreito de Ormuz.
A agência Reuters afirma que os países do Golfo têm dito a Teerão que serão neutros no caso de um conflito entre Israel e o Irão.
Na sua intervenção na véspera, o director da CIA declarou que o risco “de uma maior escalada no conflito” existe sobretudo por erros de cálculo ou ainda por ataques militares concebidos para serem precisos mas que acabem por levar a mortes.