Lembra-se de quando fazia jogos em família? Provavelmente não será capaz de dizer quem ganhou aquela edição de Monopólio em 1997, mas recorda-se de quem tinha sempre as melhores estratégias, quem fazia sempre batota, quem tinha muito mau perder.
Comparemos este tipo de entretenimento com aquele que é possível num telemóvel: jogar online tende a ser uma actividade mais solitária, mesmo que possamos partilhar o ecrã com alguém ou até competir entre dispositivos. Um jogo analógico, por outro lado, é um exercício de atenção conjunta. Os jogadores concentram-se nas decisões, nas consequências, e uns nos outros. Partilham cartas,
movimentam peças, descodificam rabiscos, trocam olhares, antecipam movimentos.
E não são apenas os jogos de tabuleiro que têm estas potencialidades. Também os quebra-cabeças podem ser um bom passatempo em família, porque exigem foco num desafio exigente e obrigam a definir uma estratégia concertada e a trabalhar em colaboração para atingir um objectivo comum. Fazer um quebra-cabeça é também uma actividade interessante para crianças pequenas, desde que o nível de dificuldade seja adequado à sua faixa etária, por ter benefícios ao nível da motricidade fina e da regulação emocional.
Fica o desafio: este ano, ao planear as férias em família, escolha um jogo ou um quebra-cabeça para fazer nas horas livres. Se possível, leve uma caixa da sua infância. Se não tiver, não encontrar, ou não for fácil de transportar, divirta-se a visitar uma loja especializada ou a secção dedicada a jogos numa loja generalista. Leve as crianças ou adolescentes consigo e envolva-os na selecção.
Se está a pensar no incómodo de levar uma ou mais caixas na mala de viagem, desengane-se: muitos jogos e quebra-cabeças têm hoje edições de bolso ou vêm em embalagens reduzidas, ideais para transportar.
Quando regressarem, arrume bem a embalagem. Guarde-a num sítio pouco acessível. Garanta que todos se esquecem da sua existência. Anos mais tarde, quando a reencontrarem, terão o prazer de ser transportados para as memórias destas férias. Se quiser subir a parada, deixe uma mensagem escrita para o futuro: Verão de 2024, o ano em que trocámos o telemóvel por tempo em família.
Ana Vargas Santos