Evento ocorre entre os dias 6 e 15 de setembro com 227 expositores e expectativa pela visita de mais de 660 mil pessoas
5 conjunto
2024
– 23h34
(atualizado às 23h41)
A presença de Lula deu um tom diferente à cerimônia de abertura da 27ª Bienal Internacional do Livro de São Pauloque ocorreu no Distrito Anhembi na noite desta quinta-feira, 5. A participação do presidente da República foi confirmada somente no dia anterior e movimentou toda a organização do evento, que celebra o início da maior feira de livros da América Latina – a Bienal ocorre entre os dias 6 e 15 de novembro no mesmo Anhembi, com expectativa de receber mais de 660 mil pessoas.
Quando subiu ao palanque para discursar, Lula começou pedindo desculpas pelo atraso de mais de uma hora. “Desculpa é uma palavra simples, mas que nem todo mundo tem coragem de usar”, disse. Depois, citou Ziraldo, morto em abril de 2024 – o escritor mineiro batiza um dos espaços culturais da Bienal. Lula fez um discurso de cerca de 18 minutos, mencionando políticas públicas de incentivo à leitura e ressaltando a importância de eventos como a feira para a literatura do País.
Antes da cerimônia, Lula cortou a faixa de abertura da Bienal e, acompanhado de uma comitiva que incluía a primeira-dama, Janja, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, o ministro das Cidades, Jader Filho, e o ministro da Educação, Camilo Santana, circulou pelo pavilhão e visitou alguns dos estantes da feira, incluindo o do convidado de honra, a Colômbia. São, ao todo, 227 expositores em 75 mil metros quadrados.
Durante o discurso, o presidente também disse que é “especial” esta edição homenagear a Colômbia, onde ele esteve em abril para a Feira do Livro de Bogotá, na qual o próprio Brasil foi convidado de honra. O presidente lembrou que, durante os dias em que passou preso em Curitiba, se tornou “um leitor voraz”, e até citou os títulos Um Defeito de Cor, de Ana Maria Golçalves, e Amor nos Tempos de Cólera, de Gabriel Garcia Marquez, maior nome da literatura colombiana.
Políticas públicas de incentivo ao livro
Durante o evento, o presidente Lula assinou um documento que regulamenta a Política Nacional de Leitura e Escrita (PNLE). Em termos práticos, a lei de número 13.696/2018, apelidado de Lei Castilho, estabelece que um Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL) deve ser elaborado a cada dez anos.
Idealizado em 2011, o PNLL é uma forma de fortalecer a atuação do Ministério da Educação e do Ministério da Cultura para o incentivo da leitura no Brasil. Ele prevê que os ministérios, em trabalho conjunto, definam um conjunto de ações voltadas à valorização do livro e da leitura, a serem exercidas pelo Estado e pela sociedade. Atualmente, não há PNLL em vigor no País. Segundo o Governo, “o próximo plano decenal, que vai vigorar entre 2025 e 2034, será construído a partir de discussões e escutas qualificadas da sociedade civil em todo o País”.
O ministro Santana autorizou, também na cerimônia, o novo edital do Programa Nacional do Livro e do Material Didático, o PNLD Equidade, e o acréscimo de R$ 50 milhões para a compra de acervos literários. Além disso, o ministro das Cidades anunciou que os novos conjuntos habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida terão bibliotecas e espaços de leitura. Serão distribuídos cerca de 750 mil livros para os acervos.
Sevani Matos, presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), que organiza a Bienal, ressaltou a importância da implementação de políticas públicas que de incentivo a leitura no Brasil. Também falou da defesa do livro e dos autores, ressaltando o perigo da desinformação e da censura. Ela reforçou também o apoio à Lei Cortez, que foi aprovada pelo Senado Federal em abril.
Também na noite desta quinta, 5, entidades do mercado livreiros entregaram uma carta ao presidente Lula em apoio ao projeto de lei 49/2015. Batizado em homenagem ao livreiro José Xavier Cortez, propõe que, nos primeiros 12 meses após a lançamento de uma obra, o limite de desconto seja de 10%. O objetivo é ajudar no equilíbrio entre as livrarias e as grandes plataformas online, como a Amazon. A entrega da carta, feita pela presidente da CBL, foi decidida e organizada mais cedo, durante o último dia da 32ª Convenção Nacional de Livrarias.