Cartas ao director


A Corrida do Oriente

Regressei de férias há cerca de uma semana. Planeei a viagem de e para Lisboa (aeroporto) de comboio. Não vou falar, falando, dos 46 minutos de atraso na viagem de Alfarelos para a gare do Oriente. E é esta a minha tristeza: quem a viu linda, bem estimada, limpa, com tudo o que é preciso para iniciar ou terminar uma agradável viagem. Não, agora é assim: muito suja, cheirando intensamente a urina em qualquer lado que estejamos, as paredes que ladeiam as escadas parecem ter sido pintadas com fezes. Pode-se imaginar como estava a casa de banho. Sem exagero, afirmei ao meu filho, que me acompanhava, que preferia urinar pelas pernas abaixo do que entrar naquele espaço (valeu-me o centro comercial).

As plataformas, razoavelmente limpas, já não têm nenhum placar com a informação do próximo comboio que chegará àquela linha; arrancadas ou inoperacionais. Tristeza enorme, pois mesmo a estrutura metálica (lindíssima) parece aguardar a ruína, pela quantidade de ferrugem que já evidencia.

Felismina Couceiro, Montemor-o-Velho

Montenegro e os consensos

Montenegro sabe que encostar-se ao imprevisível e populista Chega para negociações seria penalizador em termos de imagem pública global e poderia decepcionar eleitorado “do centro”, que pretende ter como garantido em caso de eleições antecipadas. Partindo deste princípio, é incompreensível e desajustada a postura de Montenegro, em que é bastante indelicado com o PS, partido esse do qual “optou” por ter que depender para ter o Orçamento do Estado viabilizado. Montenegro já não é líder de bancada parlamentar e, como tal, é-lhe exigida uma postura menos altiva e hostil, especialmente tendo em conta a composição parlamentar da AD. Não é um primeiro-ministro em campanha eleitoral permanente que se pretende, e em lanchas de salvamento, só se for para fazer “buscas” de consenso com o PS, “salvar” o diálogo possível e evitar crises políticas provocadas estrategicamente por ele mesmo.

Ana Gomes, Braga

CPLP

Leio no PÚBLICO que um dos filhos do presidente da Guiné Equatorial – que faz parte da CPLP!? – se lembrou do seguinte: aproveitando o facto de ser director-geral adjunto da companhia aérea nacional, vendeu um avião e recebeu o dinheiro da venda na sua conta bancária pessoal. Como é possível? Que país é este? E quem é que se lembrou de integrar este país na CPLP se é um país onde nem sequer se fala português, mas sim francês e espanhol? Alguém em Portugal tem de olhar a sério para este assunto. Sabemos que a diplomacia exige cedências, nas neste caso não se descortina nenhuma razão de Estado para a participação deste país na CPLP; aliás, nem se descortina qual a importância da existência desta entidade, que se desaparecesse ninguém ia sentir a sua falta. Pensem nisso.

Fernando Vieira, Lisboa

O zangão que é o zangão

O inglês é a língua de comunicação mais utilizada, a tal ponto que, mesmo depois do “Brexit”, a língua comum da União Europeia mantém-se. Usamos os termos como moeda corrente sem indagação dos significados e dos sentidos que possam ter. A terminologia militar é inovadora na medida em que os seus instrumentos se modificam, com invenções científico-técnicas, numa competição avassaladora. A palavra zangão tem, hoje, um uso corrente, banalizado, também no domínio militar. O que é um zangão como arma? Um aparelho voador, teledirigido, que se orienta, “vê”, pesquisa, informa, e pode apontar o alvo e destruí-lo. O atacante fica incólume. A qualidade do zangão pode graduar-se nos seus parâmetros bélicos e no valor investido. O zangão kamikaze autodestrói-se no alvo destruído. Outros vigiam, observam, informam o receptor e atacam com o “ferrão”, à distância. Qual a origem da palavra? Drone significa zangão. O voo aparenta-se ao da abelha macho. E os drones militares feito em Portugal, em que guerras pairam?

José Manuel Jara, Lisboa

Orçamento do Estado para 2025

Se o Governo quiser o sim do PS no OE2025, supostamente tem tudo na mão para o fazer. Bastará, eventualmente, que na preparação do OE o PPD/PSD fale com o PS, ou seja, tem de haver o contributo do PS antecipadamente. Não o querendo fazer, Luís Montenegro colocará o Governo em risco de cair, ou de governar em duodécimos. É a sua única opção. Qual o problema do PS? Se aprovar um OE no qual não colaborou, anula-se totalmente. Se o país for para eleições de novo, antecipadamente, pela responsabilidade de Luís Montenegro, o PS também fica a perder, e muito mais o PSD. O Chega só beneficia se Montenegro quiser fazer o OE sem o PS. O PS perde se aprovar um OE às cegas. E não convém esquecer que Trump pode ganhar a Casa Branca de novo. Pode. Logo, quanto menos países ocidentais se virarem à extrema-direita, mais tempo democrático haverá a ocidente. Está na mão de Luís Montenegro.
Augusto Küttner de Magalhães, Porto



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