Von Leyen imperatriz?
Em artigo publicado no passado domingo, 22, a colunista deste jornal Teresa de Sousa opina que “pouca gente tem dúvidas de que Von der Leyen é a mais poderosa presidente do executivo de Bruxelas desde Jaques Delors, e, ainda que em circunstâncias muito diferentes e muito mais exigentes”, atribui-lhe até o epíteto de “imperatriz” da União. Que as circunstâncias em que ela e Delors exerceram e exercem as suas funções são muito diferentes, sim, não temos qualquer dúvida sobre isso. Já quanto ao poder da sra. Von Leyen e à exigência das suas funções na actualidade e as de Delors outrora, impõe-se ter em conta a evolução da UE. No tempo de Delors, a UE em construção era-nos apregoada como a germinação de um bloco político-económico independente capaz de se confrontar com a União Soviética, a China, os EUA, e isso implicava um esforço titânico, por contender com os interesses de todas estas superpotências. Mas este projecto foi-se, entretanto, adulterando, transfigurando, até que se transformou na sua antítese com a progressiva submissão da União Europeia à NATO, em posição de absoluta dependência da potência que a lidera: os Estados Unidos da América.
Perante isto, Ursula é imperatriz de quê? Talvez só na arte de dissimular a sua subserviência ao império e o opróbrio da nossa, e sua, actual condição.
António Reis, Vila do Conde
Aprovação do OE
É ridícula e desgastante toda esta barulheira a propósito da aprovação do Orçamento de Estado por parte dos dois partidos, PSD e PS. É evidente que vai ser aprovado e que as negociações são feitas por assessores, na retaguarda, pois tanto o primeiro-ministro como o secretário-geral do Partido Socialista sabem bem que a não aprovação penalizaria igualmente o PSD e o PS. Estas discussões estéreis servem apenas para afastarem mais o normal cidadão da política, como foi revelado por um recente estudo independente (…).
António Barbosa, Porto
Aprovação do OE II
Esperemos que tanto o maior partido do Governo minoritário como o maior partido da oposição não brinquem com os portugueses, com o país, com a democracia. E deixem de atacar o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pelo que Montenegro e Nuno Santos não querem fazer e já deviam ter feito. Se o país voltar a eleições legislativas antecipadas por não haver OE2025 a culpa toda, toda é do PSD e do PS. Desta vez não de um último parágrafo num comunicado do Ministério Público. É exclusivamente de Nuno Santos e Montenegro (…). O PS não tem de ter medo das bocas da Mariana Mortágua, que rompeu a “geringonça”, nem o PSD tem de ter medo dos comentários constantes do Chega, da Iniciativa Liberal e até do CDS-PP. Só há que negociar e até meados de Outubro próximo o país saber por Nuno Santos e Montenegro a que acordos chegaram e qual será o OE2025. Só, mais nada. E não brinquem com o fogo. Incêndios já chegaram em Setembro 2024.
Augusto Küttner de Magalhães
Democracias liberais e iliberais
É muito curioso que a crítica que a húngara Zsuzsanna Szelényi faz à democracia iliberal na Hungria, no seu artigo de opinião de ontem, é aplicável em farta medida à democracia liberal em Portugal. Excelente artigo!
Mário J. B. Simões Teles, Oeiras
Incêndios
Comovo-mo muito com a destruição dos incêndios e, ainda mais, com a morte de pessoas, de muitos animais e património reduzido a cinza (…). O vasto número de incêndios, com vários focos e várias frentes (!), no centro e Norte de Portugal, atingiu de forma dramática muitos concidadãos, que reclamam, com ampla justificação, uma resposta rápida e robusta por parte das entidades nacionais e europeias. Aqui, a solidariedade activa tem de ser concretizada, com urgência! A perda de vidas humanas, nomeadamente soldados da paz, faz-me curvar em sua homenagem, apresentando condolências. Se não fossem eles, a tragédia teria sido inimaginável… Pergunto: os militares têm equipamento para apagar fogos, mas não actuaram, porquê? Porque não ardem (e ainda bem) as vastas áreas de eucaliptal, propriedade das indústrias de papel? Com a continuada desvalorização do interior, o seu abandono pela falta de povoamento, o nosso país continua a pôr-se a jeito para estas repetições… Urge vontade política para mudar de visão e práticas, no interesse de Portugal, já!
Vítor Colaço Santos, São João das Lampas