Com que frequência devem os animais ser desparasitados no Verão?


A frequência da desparasitação, seja interna ou externa, pode não ser igual para todos os cães e gatos. Na verdade, adianta a médica veterinária Sara Coelho, vai depender do estilo de vida do animal, isto é, se está sempre em casa, se passeia de vez em quando de trela ou vai a diferentes ambientes, inclusive à praia. Para uns, especialmente os que não gostam de água, pode fazer mais sentido a pipeta. Para outros basta o comprimido, a coleira ou combinar dois destes produtos se assim fizer sentido.

A periodicidade da desparasitação interna, ou seja, com recurso a um comprimido, “varia se o cão ou o gato estiver ou não em contacto frequente com crianças”, esclarece a veterinária. Se não estiver, pode ser feita a cada três ou quatro meses, mas não significa que o animal vai estar protegido entre tomas. O que acontece é que o risco de exposição ao parasita é menor.

“Se estiver em contacto diário com crianças, a desparasitação interna pode ser feita com mais frequência porque, como a criança não lava as mãos, pode infectar-se e uma parasitose intestinal pode ter consequências graves”, alerta.

Desparasitação externa

A desparasitação externa, por outro lado, deve ser feita durante todo o ano. Mas quem tem um gato que está sempre dentro de casa vai ter a vida mais facilitada. Entre Março e Outubro, meses onde o risco de propagação de pulgas, carraças e mosquitos transmissores de doenças microscópicas é maior, é aconselhável que os felinos sejam desparasitados a cada dois meses.

“Ainda que o animal não saia, os donos podem levar pulgas para casa, o que é bastante frequente, e até carraças. Como o corpo dos gatos é mais quente do que o nosso, a pulga vai adorá-los. É importante desparasitar porque nem todos os felinos se coçam com a picada e há donos que nem são picados”, explica a veterinária. A febre da carraça é outro dos riscos, mas neste caso afecta os humanos. Os sintomas são semelhantes aos de uma gripe: febre, sonolência e cansaço são os mais frequentes.

Para os gatos, a pipeta é suficiente. Tal como as coleiras antipulgas, este produto tem uma acção repelente, ou seja, diminui a probabilidade de contacto (mas nunca a 100%) da pulga, da carraça, do mosquito transmissor da leishmaniose e de outro menos conhecido: a dirofilariose. Este parasita, revela Sara Coelho, “vai alojar-se nas cavidades do coração, reproduzir-se e originar patologias pulmonares e cardíacas”. A boa notícia é que tem cura.

As coleiras e as pipetas também são o mais indicado para cães que passeiam com frequência. As primeiras têm tempos de duração diferentes para cada parasita e pode ser feito o reforço da pipeta sob indicação do médico veterinário do animal. As segundas só duram um mês “e devem ser colocadas horas antes de o animal sair de casa”. A protecção vai diminuindo se o cão ou o gato tomarem banho.

Segundo a veterinária, os tutores só devem comprar as coleiras e pipetas produzidas por farmacêuticas veterinárias que estão à venda nestes locais, em vez dos produtos que estão em lojas e supermercados.

Dirofilariose: origem, sintomas e tratamento

Os mosquitos transmissores desta doença estão sobretudo no Sul de Portugal continental, especialmente nas zonas do Alentejo e do Algarve. Ainda assim, é importante que todos os cães e gatos, mesmo os que vivem noutras regiões do país, estejam protegidos contra a dirofilariose.

Segundo Sara Coelho, “existem comprimidos que fazem protecção dirofilária”. Ou seja, se o parasita entrar no sangue morre, porque o animal está protegido. Se o cão ou o gato não estiver desparasitado contra a doença e a apanhar, os sintomas variam e por serem comuns a outras patologias é mais difícil fazer um diagnóstico precoce.

“Os sintomas são mesmo muito inespecíficos. Já tivemos casos de dois cães que em casa não comiam e estavam apáticos. Quando foram internados ficaram a soro e começavam a comer, mas quando regressaram a casa voltaram ao mesmo. Isto aconteceu três vezes. Pensámos que o soro pudesse diluir a toxemia ao ponto de se sentirem melhor e comerem”, recorda.

Alguns dos sintomas da dirofilariose são a febre, tosse, apatia e anorexia. “A meu ver, o grande problema desta doença é que quando dá sintomas já esta avançada. A tosse de um cão, a anorexia e a apatia podem ser muita coisa.” E quanto mais tarde for detectado o parasita, mais longo será o tratamento.

A par disto, revela a médica veterinária, “pode deixar sequelas a nível pulmonar e cardíaco” no animal, dependendo do momento em que for diagnosticada.



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