Três jogos, nove pontos e um clássico em Alvalade em que se discutirá a liderança do campeonato. O FC Porto recebeu e venceu o Rio Ave este sábado, por 2-0, um triunfo que prolonga a série 100% vitoriosa de Vítor Bruno no banco portista.
Depois de sete passes e um remate acrobático, estava feito o primeiro no Dragão. Foram apenas precisos 18 segundos para o FC Porto se colocar em vantagem frente ao Rio Ave, naquele que é o golo mais rápido da história do actual estádio. Foi um arranque que apanhou de surpresa a defensiva rioavista, impreparada para a clareza com que os “dragões” desenharam a jogada inicial da partida: no momento de finalizar, Galeno rematou forte e sem hipótese para o guardião adversário.
A verdade é que os segundos iniciais acabaram por ser um retrato da primeira parte: o FC Porto jogou e o Rio Ave assistiu. Grande parte dos primeiros 45 minutos foi passada no meio campo da equipa de Vila do Conde, com o treinador Luís Freire visivelmente exasperado com a letargia da equipa. Aproveitando uma pausa para assistência médica ao guarda-redes Jhonatan Luiz, o treinador do Rio Ave promoveu uma palestra improvisada, dando indicações.
Sem grandes efeitos, porém. A pressão portista continuava e, após algumas boas oportunidades desperdiçadas, os “dragões” alargariam a vantagem à meia hora de jogo. Um passe errado de João Tomé na saída para o ataque resultou numa transição para a equipa da casa e, com um remate de fora da área, Nico González fez o 2-0, confirmando o domínio portista na partida. O espanhol beneficiou de um desvio que retirou a bola do alcance de Jhonatan Luiz.
Esta foi a “gota de água” para Luís Freire. Confirmando o descontentamento com a incapacidade na pressão, recuperação da bola e posse deficiente que os jogadores mostravam até então, o técnico fez três substituições de uma assentada, aos 38’. Tirou de campo os os avançados – que não ajudavam eficazmente na pressão –, procurando fortificar a equipa.
Se o vislumbre de uma recuperação era já longínquo dado o domínio portista, tornou-se quase impossível a partir dos 43’: numa disputa de bola com Nico González, o central Patrick William chegou fora de tempo e pisou o jogador portista. Lance para amarelo claro, a segunda admoestação para o central que já tinha visto cartão aos 22’.
No segundo tempo os portistas aproveitaram para gerir confortavelmente a vantagem. Pepê, estreante em jogos oficiais na temporada 2024-25, foi servido de bandeja por Martim Fernandes. Isolado, na cara de Jhonatan Luiz, o brasileiro não conseguiu mais do que um remate à figura, que o guardião conseguiu defender para canto.
Seguiram-se várias oportunidades, mas os portistas não conseguiriam transformar nenhuma em golo. O resultado do intervalo seria o mesmo do apito final, uma vitória importante, mas que acabaria por saber a pouco dado o domínio dos “dragões”.
Oportunidades para “terceiro, quarto e quinto golo”
O FC Porto venceu sem sofrer golos, mas não ter conseguido alargar a vantagem na segunda parte a jogar contra dez deixou amargor de boca em alguns adeptos. Surgiram uns assobios pontuais das bancadas do Dragão, insatisfeitas com o grande número de oportunidades falhadas.
“Ouvi alguns assobios, mas é algo de que eu gosto. É sinal de uma casa exigente”, relativizou Vítor Bruno, negando preocupação com a falta de eficácia “azul e branca” no segundo tempo: “Em relação à ineficácia, preocupava-me mais se não estivéssemos a criar o número louco de oportunidades que tivemos.”
Outro dos assuntos discutidos foi a saída iminente de Francisco Conceição, esperado em Turim para a realização de exames médicos. Enquanto o empréstimo para a Juventus não for oficial, Vítor Bruno não tece comentários sobre o tema. Oficiais são já os mais recentes reforços dos “dragões” – que assistiram à vitória nos camarotes do Dragão. Os avançados Samu Omorodion e Deniz Gul assinaram pelos portistas, contratações que ficaram de fora dos radares da imprensa e comentadores especializados. Mas Vítor Bruno deixa já um aviso: para agarrarem tempo de jogo, precisam de trabalhar arduamente.
“Estou muito contente com os jogadores que estão cá, [os reforços] vão ter de competir com eles”, adiantou, considerando que os jogadores vão trazer “novas nuances” ao jogo portista que vão beneficiar os “dragões”.
“Entrada pior era quase impossível”
No momento de analisar a partida, o treinador do Rio Ave não escondeu o efeito desmoralizador que o golo nos segundos iniciais teve nos jogadores. “Entrada pior era quase impossível”, lamentou Luís Freire, que foi também questionado sobre as três substituições simultâneas que fez ainda antes do intervalo.
“Tive de fazer alguma coisa. Não porque os jogadores estavam bem ou mal, mas porque tinha de colocar alguma estabilidade emocional na equipa”, explicou, sublinhando que os jogadores pressionavam separadamente, permitindo ao FC Porto manter a posse de bola e construir jogo com relativa facilidade.
Mesmo perante a derrota e exibição menos conseguida, o técnico vê pontos positivos no jogo da formação de Vila do Conde no Dragão, destacando a resiliência dos jogadores. “Com 2-0 ao intervalo, muitos pensariam que o jogo ficaria com muitos mais [golos]. Até ao final do jogo, com menos um, conseguimos não sofrer mais nenhum golo. Foram 50 minutos em desvantagem”, resumiu.