Incêndios: Margarida Blasco nega ausência e diz que evitou “intervenções desnecessárias”


A ministra da Administração Interna quebrou na noite desta quinta-feira o silêncio que mantinha desde o passado fim-de-semana, quando uma vaga de incêndios começou a consumir milhares de hectares de área florestal nas regiões Norte e Centro de Portugal. Margarida Blasco justificou a ausência com o cumprimento do que aconselham as “boas práticas”: evitar “intervenções desnecessárias e inadequadas”.

Em declarações ao país na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC), às 20h, antes do resumo do comandante André Fernandes, a governante vincou que “é do conhecimento público que as boas práticas aconselham a que não haja intervenções desnecessárias nem presenças desadequadas no teatro de operações e no contexto comunicacional”. Durante os últimos dias, o fundamental era “informar sobre pontos de situação e prestar esclarecimentos e recomendações às populações” e essa foi uma tarefa cumprida pelo comando operacional da Protecção Civil, considerou.

Margarida Blasco reiterou ainda não ter recebido qualquer contacto da presidente da Câmara Municipal de Arouca, Margarida Belém, que esta quinta-feira se queixou de falta de apoio nas autarquias afectadas e de não ter conseguido falar com a ministra na primeira noite de incêndios. “Verifiquei que não tenho esse telefonema. O número de telefone que lhe foi dado não era o meu”, disse, em resposta às críticas deixadas pela autarca.

Antes de prestar esclarecimentos sobre a actuação do Governo e do ministério que tutela, as primeiras palavras da governante foram de pesar para os familiares das vítimas mortais dos incêndios e de agradecimento a todos os que “contribuíram no teatro de operações para mitigar as consequências devastadoras destes dias”.

“Tivemos o maior dispositivo de combate a incêndios alguma vez mobilizado no nosso país”, declarou, antes de enumerar alguns momentos nos últimos dias de cooperação entre o Ministério da Administração Interna, a chefia do Governo e a ANEPC. “O primeiro-ministro esteve informado por mim do evoluir da situação”, garantiu.

No total, segundo dados da Protecção Civil, entre 14 e 18 de Setembro foram registadas 1044 ignições no território português, incluindo 416 em período nocturno. Nesse período, durante o qual o Governo aponta para 94.146 hectares de área ardida, foram mobilizados 37.772 operacionais e 10.639 veículos. Foram ainda realizadas 827 missões aéreas de combate às chamas, especificou Margarida Blasco.

Questionada sobre possíveis falhas na prevenção dos incêndios, a ministra contornou a pergunta feita por jornalistas na sede da ANEPC, em Oeiras, e remeteu respostas para mais tarde. “Ainda temos fogos neste momento. No final, faremos um relatório, aprenderemos, e estaremos à vossa disposição para esclarecer se houve falhas.”

“O Governo acompanha de perto e desde a primeira hora a evolução das condições meteorológicas e de risco de incêndios rurais” e tem agido para “aumentar a prevenção e a vigilância, potenciar meios de combate a incêndios e dar uma resposta económica, social e humana à catástrofe dos incêndios rurais”, acrescentou, tecendo elogios à “resiliência e força do povo português”.

No ponto de situação feito pelo Comandante Nacional de Emergência e Protecção Civil, com dados relativos às 19h, André Fernandes referiu que se mantinham em curso 21 fogos, combatidos por mais de 2100 operacionais, 630 viaturas e 25 aeronaves.

O complexo de incêndios que lavrava entre a Área Metropolitana do Porto e a região de Aveiro — Oliveira de Azeméis, Sever do Vouga, Águeda e Albergaria-a-Velha — foi esta quinta-feira “completamente dominado e estabilizado”, acrescentou André Fernandes. O número de vítimas mantém-se em 166, com a Protecção Civil a contabilizar cinco vítimas mortais, 12 feridos graves, 78 feridos ligeiros e 71 assistidos no teatro de operações. Outras duas pessoas morreram de doença súbita durante os incêndios.



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