Inquérito de Estimação: Cantinho do Tareco


O Cantinho do Tareco surgiu em 2009 quando um grupo de amigos decidiu resgatar e esterilizar uma colónia de gatos que vivia num parque de campismo de Cortegaça, em Aveiro. Para sermos exactos, explica a voluntária Joana Machado, a associação resgatou 135 felinos. Com o passar dos anos, no entanto, apareceram mais.

“Actualmente vivem no parque cerca de 80 gatos que continuam a ser alimentados e tratados pelo Cantinho”, adianta.

Nas instalações da associação ou com famílias de acolhimento temporário (FAT) vivem 75 gatos que esperam por novos tutores. Em 2023, o Cantinho do Tareco conseguiu que 285 felinos fossem adoptados.

“Todos os dias temos uma equipa de voluntários que se desloca até ao gatil para realizar a higiene e desinfecção do espaço, ver o estado de saúde dos animais e tratar e medicar os que se encontram doentes na enfermaria”, esclarece a voluntária, acrescentando que este trabalho é feito em parceria com clínicas veterinárias que aceitam pagamentos em prestações.

Uma medida prioritária pelos direitos dos animais

Acreditamos que a esterilização dos gatos de rua é extremamente importante e continua a ser muito insuficiente. Existem organizações não-governamentais que fazem este trabalho, mas com poucos recursos e sempre contando com trabalho voluntário que não traz estabilidade ao controlo das colónias.

Seria igualmente importante oferecer formação aos tutores dos animais. Muitas pessoas continuam a não esterilizar os cães ou os gatos, mas deixam que vão para a rua. Isto acaba por descontrolar as colónias, contribui para o nascimento de mais ninhadas, sendo que muitas são crias de gatas ou cadelas de rua doentes. Recolhemos muitas gatas feridas, desidratadas e doentes que estão grávidas e em sofrimento.

Um caso marcante

É uma questão difícil, porque todos eles nos marcam de alguma forma. É doloroso ser testemunha de casos como os que por vezes recebemos e conseguir lidar com a situação. Escolhemos a história do gato Renato por ter um final feliz.



O Renato foi encontrado encharcado no meio de uma estrada, num dia de chuva intensa e sem conseguir levantar-se. Tinha sido atropelado e abandonado no local, estava com a anca partida e ficou com paralisia nas patas traseiras. A pancada que levou do carro causou sequelas na bexiga e ele não conseguia fazer as suas necessidades sem ajuda. Depois de meses de repouso e tratamento, um dos exames revelou ainda que tinha balas de chumbo no corpo. Mesmo assim, a associação conseguiu que fosse adoptado por uma família que tinha acabado de ter uma bebé e hoje ele e a criança são os melhores amigos.

Um conselho para quem quer adoptar um animal

Adoptar um animal é adoptar amor. Muitas vezes, somos nós, tutores, que não sabemos identificar as necessidades do animal e os seus limites. O gato, por exemplo, é um animal que, ao contrário do que muitas pessoas ainda acreditam, precisa de muita atenção. São animais carentes, gostam de companhia, de brincar, de mimo, mas, tal como nós, cada um tem a sua personalidade.

Uma pessoa que esteja interessada em adoptar deve respeitar as necessidades, a personalidade individual de cada animal e o seu tempo e espaço. Se já têm outras espécies em casa, o processo de adaptação é muito importante para que os animais mais antigos não sintam o território está a ser invadido pelo recém-chegado.

Um projecto que tem de ser conhecido

O santuário do projecto Rizasediado em Coimbra, que acolhe várias espécies, desde cães e gatos a animais de quinta como porcos, cabras e até galinhas que vivem em liberdade.

Uma pessoa anónima que vale a pena conhecer

Existem vários voluntários e protectores de colónias no nosso país que fazem um trabalho magnífico. Aproveitamos para mencionar a Teresa e a Érica Bluemel (mãe e filha) que não só ajudam o Cantinho do Tareco como acolhem vários animais de diferentes espécies na Quinto Melbueonde vivem. Cuidam de vários cães, gatos, galinhas, patos, porcos, da vaca Brownie e da égua Mimosa.





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