Israel lança “vastos” ataques no Líbano. Míssil do Hezbollah alcança Telavive


As Forças de Defesa de Israel (IDF) dizem ter lançado uma nova vaga de “vastos” ataques aéreos contra alvos no Sul do Líbano e na região de Bekaa, a leste de Beirute, junto à fronteira com a Síria. O anúncio chegou depois de as próprias IDF terem confirmado que “pela primeira vez um míssil do Hezbollah atingiu a área de Telavive”, a cidade com mais população do país e o seu centro económico. A milícia xiita libanesa afirma que o míssil balístico visou a sede da Mossad perto de Herzliya, nos arredores de Telavive; Israel diz que foi interceptado.

Ainda que, segundo as IDF, o ataque não tenha provocado danos nem vítimas, o facto de o Hezbollah ter conseguido lançar “pela primeira vez na história” um míssil contra Telavive – e usado pela primeira vez nesta guerra um míssil de longo alcance, dois dias depois de ter disparado os seus primeiros foguetes de longo alcance no actual conflito – serve para mostrar que mantém a capacidade de ameaçar Israel de forma significativa.

Uma prova que chega depois dos duros golpes que sofreu na última semana e que puseram em causa o seu sistema de comunicações (os ataques dos pagers e dos walkie-talkies) e da morte de muitos dos seus membros e de alguns dos seus mais importantes chefes militares, incluindo, na terça-feira, o comandante da divisão de foguetes e mísseis, Ibrahim Qubaisi.

A mensagem terá sido dirigida tanto às IDF e ao Governo de Benjamin Netanyahu como à população de Israel, já que, como descreve a BBC, “milhões de israelitas ouviram o som desse míssil a ser interceptado por cima de Telavive”.

Segundo um responsável do Hezbollah que falou à agência Reuters, os ataques da semana passada contra os dispositivos de comunicação deixaram fora de combate 1500 membros do grupo que foram feridos: muitos perderam as mãos e ficaram cegos. As explosões simultâneas também feriram centenas de civis e mataram crianças e pessoal hospitalar. De acordo com o seu líder, Hassan Nasrallah, a milícia (muito mais bem armada do que o Hamas palestiniano) conta com 100 mil combatentes – um relatório apresentado há dias ao Congresso norte-americano estima que serão 40 a 50 mil, o número habitualmente referido pelos especialistas.

Para além do disparo contra o centro de Israel, entre terça-feira à noite e quarta-feira de manhã, o Hezbollah lançou foguetes e drones contra vários pontos no Norte de Israel, nomeadamente a base da Marinha israelita em Atlit, uma localidade costeira, a sul de Haifa, no ataque com drones mais distante lançado pela milícia apoiada pelo Irão desde Outubro do ano passado.

Estilhaços de foguetes que atingiram o kibutz Saar, perto da cidade de Nahariya, a menos de dez quilómetros do Líbano fronteira, fizeram dois feridos ligeiros, escreve a imprensa israelita.

Do outro lado da fronteira, os libaneses que vivem no Sul e no Vale de Bekaa voltaram a receber mensagens em árabe, dizendo aos que conseguiram fugir desde segunda-feira que continua a não ser seguro regressar.

As autoridades libanesas dizem que pelo menos 15 pessoas foram mortas durante a manhã em vários ataques; dois deles em zonas de montanha fora das áreas tradicionalmente identificadas como centros de apoio ao Hezbollah, incluindo uma localidade no Monte Líbano, no que terá sido o primeiro ataque das IDF a norte de Beirute, a 120 quilómetros da fronteira.

Entre os bombardeamentos devastadores de segunda-feira e os raides das IDF na terça, segundo a contabilidade do Ministério da Saúde libanês, a ofensiva israelita já fez pelo menos 569 mortos, incluindo 50 crianças, e 1835 feridos.

Em declarações à AFP, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Abdallah Bou Habib, afirmou que até à semana passada havia 110 mil libaneses deslocados, um número que agora se aproxima “de meio milhão”.



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