Jornalistas denunciam “pressões” na cobertura dos incêndios na Madeira


O Sindicato dos Jornalistas denunciou nesta quinta-feira a existência de “pressões e restrições no acesso à informação durante a cobertura dos incêndios” que estão há mais de uma semana a assolar a Madeira.

Em comunicado, a Direcção Regional da Madeira do Sindicato dos Jornalistas (DRM-SJ) denuncia que “as restrições” estão a prejudicar a actividade dos jornalistas que fazem a cobertura dos incêndios” na ilha.

“As pressões atingem também os responsáveis pelos órgãos de comunicação social que são pressionados a desmentir notícias que depois confirmam-se serem verdadeiras”, é escrito.

A DRM-SJ dá como exemplo um caso que ocorreu na quarta-feira, em que os jornalistas do DN Madeira deram conta de que tinha sido activado o Mecanismo Europeu de Protecção Civil e por isso, “a Madeira iria receber a ajuda da Força Aérea de Espanha”.

“Com base em factos e declarações, os jornalistas noticiaram que os ‘Canadair’, dois meios aéreos provenientes de Espanha, seriam utilizados no combate aos incêndios na Madeira. Após a publicação da notícia, fontes do Governo Regional apressaram-se a desmentir a informação numa tentativa de «assassinato profissional», como refere o director, Ricardo Miguel Oliveira”, lembra o sindicato.

“Duas horas depois, é o próprio Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional, a confirmar a vinda dos dois meios aéreos para a Madeira”, acrescenta.

Outra das situações reportadas à DRM-SJ aconteceu no sábado, “com a restrição de jornalistas, operadores de imagem e fotojornalistas no acesso à freguesia do Curral das Freiras”, em que “houve indicações claras por parte da PSP para não permitir o acesso da Comunicação Social ao local, sendo que esta dificuldade só foi superada, após vários contactos para que pudessem permitir a passagem dos jornalistas”.

Outra situação idêntica aconteceu no domingo, também no Curral das Freiras, mais precisamente no sítio da Fajã dos Cardos: “A equipa de reportagem da RTP Madeira foi a primeira a chegar ao local, por volta das 21h30. Iniciou de imediato o trabalho com a recolha de imagens e depoimentos dos moradores. Depois, chegou a equipa da CNN /TVI que também tratou de recolher informações sobre o incêndio”.

As duas equipas, diz o sindicato, “estavam em locais privados, a falar com moradores e foram obrigadas a abandonar o local. O jornalista da RTP Madeira ainda tentou saber por que motivo teria de abandonar o local e obteve como resposta: ‘São as ordens que temos de não deixar a comunicação social ficar no local, só os moradores’. Os jornalistas da televisão pública saíram do local assim que terminaram as entrevistas com os populares, a equipa da CNN/TVI foi escoltada pela PSP”.

“Sabemos os nossos direitos e deveres, e, em nosso entender, nada justifica estes comportamentos. Não podemos aceitar que o acesso à informação – um dos direitos do jornalista no exercício da actividade – possa ser posto em causa. Também não vamos admitir que os jornalistas sejam alvo de pressões ou ataques à liberdade de informar. Iremos estar muito atentos e não deixaremos que tais situações voltem a repetir-se”, diz a direcção regional do sindicato.



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