O presidente do Comité Paralímpico Internacional (IPC) afirmou este domingo que os Jogos Olímpicos de Paris 2024 “bateram recordes” e pediu aos atletas que “sejam modelos para um mundo mais inclusivo”, passando depois o testemunho a Los Angeles. “Estes Jogos bateram recordes, em número de países, na participação feminina e na cobertura mediática”, afirmou Andrew Parsons no seu discurso na cerimónia de encerramento.
Não Estádio da FrançaParsons afirmou que nos Jogos de Paris 2024, “livres de barreiras, os atletas paralímpicos deram o melhor de si” mostrando através do desporto “o que a humanidade pode alcançar quando tem a oportunidade de ter sucesso.”. “Peço a todos que se inspirem no seu compromisso com a mudança, os aplausos devem ser seguidos de aceitação e acção. Uma mudança de atitude deve levar a uma mudança de opinião. Palavras de elogio devem ser substituídas por palavras de convicção. Os obstáculos devem tornar-se oportunidades”, disse o presidente do IPC.
Os organizadores de Paris 2024 venderam um recorde de 12 milhões de bilhetes para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, batendo o recorde dos Jogos anteriormente estabelecido por Londres 2012, disseram os organizadores também este domingo. Foram vendidos cerca de 9,5 milhões de bilhetes para os Jogos Olímpicos e 2,5 milhões para os Jogos Paraolímpicos. Em 2012, os organizadores de Londres bateram o recorde para os Jogos Paralímpicos, com 2,7 milhões de bilhetes vendidos, mas apenas 8,2 milhões foram vendidos para os Jogos Olímpicos.
Num discurso repleto de agradecimentos à França, ao Presidente Emmanuel Macron e ao comité organizador, Parsons voltou a frisar a necessidade de quebrar as barreiras que existem na sociedade. “Devemos permitir que as pessoas com deficiência se destaquem fora do campo de jogo, na educação, no emprego, no entretenimento, no governo e na sociedade civil, em todo o lado”, afirmou.
Antes, Tony Estanguet, presidente do comité organizador dos Jogos de Paris 2024, agradeceu aos “revolucionários paralímpicos”, num discurso cheio de referências a feitos olímpicos e paralímpicos dos atletas franceses, e destacou a marca que as duas competições deixarão na cidade. “Os Jogos que vivemos juntos foram uma história de encontros, que deixam marca permanente, esta noite ninguém quer que estes Jogos terminem”, disse Estanguet antes de pedir ao estádio a “mais louca ovação de sempre”.
Após os discursos, e cumpridas as formalidades, Andrew Parsons entregou às 21h40 locais (eram 20h40 em Lisboa) a Karen Bass, a autarca de Los Angeles, a bandeira paralímpica, que será hasteada daqui a quatro anos na cidade californiana.
Uma festa electrónica à chuva
Os Jogos de Paris 2024 terminaram como começaram: à chuva, mas num ambiente festivo, com uma festa electrónica no Stade de France. Cerca de 24 DJ franceses, incluindo o pioneiro da música electrónica Jean-Michel Jarre e Cassius, actuaram na parte final do evento. Anteriormente, as 169 delegações desfilaram ao som de clássicos franceses, que levaram os espectadores a cantar.
A presidente da Câmara de Paris, Anne Hidalgo, entregou a bandeira paraolímpica ao Presidente do Comité Paraolímpico Internacional, Andrew Parsons, que a entregou à Presidente da Câmara de Los Angeles, Karen Bass — a primeira mulher negra a receber a bandeira paraolímpica durante a cerimónia de encerramento. O hino nacional norte-americano foi interpretado por Ali Stroker.
“Ninguém quer que estes Jogos cheguem ao fim”, disse o presidente de Paris 2024, Tony Estanguet, no momento em que Paris passa o testemunho a Los Angeles para os próximos Jogos de Verão. “Batemos muitos recordes, por isso esta noite vamos bater mais um. Peço-vos que dêem aos paratletas a ovação mais longa, mais barulhenta e mais louca que alguma vez receberam”, acrescentou, perante os aplausos ensurdecedores dos 64 mil espectadores, em nítido contraste com as vaias da multidão quando o Presidente francês Emmanuel Macron apareceu. Estanguet apelou também aos espectadores e telespectadores para que não esqueçam “este Verão em que a França foi feliz”.
O caldeirão olímpico, que deveria ser erguido no céu num balão de ar quente, uma última vez, a partir do Jardin des Tuileries, perto do Museu do Louvre, foi aterrado devido à chuva, antes de a chama ser apagada.
Atleta morta pelo namorado homenageada
No último dia dos Jogos houve também um momento de homenagem a Rebecca Cheptegei, a atleta ugandesa que morreu na quinta-feira, quatro dias depois de ter sido encharcada em gasolina e incendiada pelo próprio namorado no Quénia. Uma imagem da desportista apareceu num ecrã gigante após as provas da maratona dos Jogos Paralímpicos, no domingo, e os espectadores aplaudiram quando o rosto de Cheptegei, que participou na maratona dos Jogos Olímpicos de Paris, foi exibido na Esplanada dos Inválidos.
Rebeca Cheptegei morreu durante aquele que foi o mais recente (mas longe de ser inédito) ataque a uma atleta feminina no país. A atleta de 33 anos sofreu queimaduras em mais de 80% do corpo no ataque há uma semana, perpetrado pelo queniano Dickson Ndiema Marangach. O homem terá invadido a casa da namorada e esperado que Rebecca Cheptegei e os filhos regressassem a casa depois da missa, por volta das 14h, para a agredir. Fontes policiais especificaram que Dickson Ndiema Marangach atirou gasolina à atleta e ateou o fogo, que acabou por feri-lo a ele também.
Portugal conseguiu sete medalhas
Relativamente às contas nacionais, Portugal trouxe de Paris sete medalhas, o mesmo número que em Pequim 2008: dois ouros, uma prata e quatro bronzes.
Depois de ter sido bronze em Tóquio2020, Miguel Monteiro alcançou o ouro no lançamento do peso F40. Também no atletismo, Sandro Baessa foi prata nos 1500 metros T20, para atletas com deficiência intelectual, e Carolina Duarte conseguiu o bronze na prova de 400 metros T13 (deficiência visual).
Cristina Gonçalves, a veterana da comitiva, conseguiu a sua quarta medalha paralímpica, mas a primeira em competições individuais, sagrando-se campeã no torneio de BC2.
A medalha de bronze Diogo Cancela, nos 200 metros estilos SM8 voltou a levar a natação portuguesa a um pódio paralímpico. Por fim, no ciclismo, Luís Costa foi bronze no contra-relógio H5, para atletas que competem em bicicletas de mão.