Os partidos da oposição exigem explicações ao Governo sobre as conclusões do relatório da auditoria da Inspecção Geral de Finanças (IGF) às contas da TAP. O deputado socialista Carlos Pereira, na SIC Notícias, anunciou que o grupo parlamentar do PS irá “naturalmente” chamar ao Parlamento Miguel Pinto Luz – em 2015, altura da privatização da TAP, secretário de Estado das Infra-estruturas – e Maria Luís Albuquerque, então ministra das Finanças que agora está indicada pelo Governo como futura comissária europeia, para esclarecerem a situação. Fabian Figueiredo, líder parlamentar do Bloco de Esquerda, defende que se Miguel Pinto Luz “tiver ética republicana, afasta-se imediatamente deste processo.”
As conclusões do relatório da auditoria da IGF às contas da TAP indicam que compra de 61% da TAP ao Estado, em 2015, por um consórcio liderado por David Neelman foi financiada com um empréstimo de 226 milhões de dólares dados pela Airbus, com a compra de 53 aviões à construtora pela TAP como contrapartida e com a companhia aérea a prestar garantia por esse crédito.
Logo após a divulgação da notícia sobre a auditoria, os partidos da oposição não tardaram em dirigir críticas ao governo e a Pinto Luz. O socialista Carlos Pereira considerou, no debate desta terça-feira na SIC Notícias com Mário Amorim Lopes, deputado da IL e Fabian Figueiredo, líder parlamentar do BE, que o negócio de privatização da TAP foi “criminoso” e “um erro“.
Sobre a possível nova privatização da TAP, Carlos Pereira criticou a falta de transparência em todo o processo e comparou-o com a privatização de 2015 que, disse, foi feita “na 25ª hora, quando o Governo já não tinha capacidade para fazer uma privatização dessas”.
O líder parlamentar do BE apelidou de “fraude” o negócio da privatização da TAP em 2015 e criticou as declarações do actual ministro das Infra-estruturas, Miguel Pinto Luz, que terá dito só poder “desejar que o processo [de privatização da TAP] seja tão transparente, acautelado e bem-sucedido” como o anterior. “Ele vai parar ao Ministério Público porque foi uma fraude”, apontou o bloquista.
Defendeu ainda que “o Governo tem de dar explicações” sobre o negócio. “Aliás, é preciso saber se Luís Montenegro sabia dos contornos da privatização de 2015”.
Já o deputado liberal Mário Amorim Lopes, no mesmo debate, disse que “tem de ser apurado” o que aconteceu no negócio e salvaguardou que, à hora a que conversavam, os deputados ainda não conheciam detalhes do relatório. No entanto, defendeu que “tem de haver responsabilização política” caso se comprove que a situação o justifica.
Também o Livre considera que é “importante” ouvir os responsáveis políticos pelo negócio da privatização da TAP. Isabel Mendes Lopes, deputada do partido, considerou, em declarações aos jornalistas, que é preciso perceber “qual é a legitimidade para [os responsáveis] continuarem em funções”.