O antigo líder do PSD Rui Rio defendeu este sábado, no Porto, que os partidos políticos deveriam ser “reformados” porque se encontram “completamente enquistados” e com “uma dificuldade enorme” para dialogar com a sociedade.
“Como todos nós sabemos, uns mais, outros menos – por infelicidade minha sou dos mais – [os partidos] estão completamente enquistados e com uma dificuldade enorme em se abrir à sociedade e debater os problemas, fazem o debate sempre de uma forma clubista, de uma forma enquistada, em que os outros são todos maus e nós somos todos bons e nós somos todos uns desgraçados e os outros dão cabo da nossa vida”, afirmou Rui Rio no encerramento do debate “Que Porto para 2045?”, organizado pelo movimento cívico Porto com Porto.
No entender do antigo autarca do Porto “é fundamental que os partidos se reformem e voltem a ter capacidade para dialogar com a sociedade. Ou digamos de outra forma, melhor ainda, serem parte integrante da sociedade. Podemos esperar sentados, não irá acontecer. A não ser que a sociedade civil tenha ela a vitalidade necessária para, de fora para dentro, obrigar à alteração dos partidos políticos”.
“Aquilo que tenho observado é que talvez os partidos não tenham sequer já capacidade para se regenerar. O que vai acontecer é aparecerem novos partidos, tenho a impressão que é mais fácil aparecerem novos partidos do que pedir àqueles que são institucionais que se reformem e que sejam capazes de se libertar das amarras internas e de se abrir à sociedade”, sublinhou.
Por isso, Rui Rio disse “aplaudir” o surgimento de um movimento, de uma associação ou de uma tertúlia, como o que foi criado pelo médico António Araújo, que este sábado organizou a sua primeira grande iniciativa destinada a debater a segurança, a mobilidade e o urbanismo, as três áreas que foram identificadas pelo Porto com Porto como “as que mais preocupam os portuenses”.
Sobre estes problemas na cidade, Rui Rio fez um paralelo entre a situação que encontrou quando chegou à Câmara do Porto e a actualidade, referindo que “muita coisa está feita, muitas estruturas estão criadas” e “há muito mais turismo”, mas em termos de mobilidade Rio deixou críticas, nomeadamente, às obras que estão a ser feitas na avenida da Boavista.
“Não vou falar da destruição da avenida da Boavista, porque a vida já me ensinou que nós precisamos de algum tempo para acalmar e eu se fosse falar da destruição da avenida da Boavista, não sei se o conseguiria sem dizer uns palavrões”, disse, no seu discurso de encerramento do encontro.
No final da cerimónia, a Lusa questionou-o sobre esta matéria, mas Rui Rio escusou-se a adiantar mais esclarecimentos, por considerar não estar em “condições emocionais de falar sem dizer palavrões”.