A Ucrânia voltou a atacar com drones a região de Kursk, uma semana depois de ter lançado a maior ofensiva em território russo desde o início da guerra, em Fevereiro de 2022. A Rússia diz que a sua defesa aérea destruiu 12 drones nesta zona, de onde já retirou 121 mil pessoas e está a retirar mais 60 mil, segundo as autoridades locais. Na véspera, o governador, Alexei Smirnov, admitia que as forças ucranianas controlavam 28 aldeias, enquanto Kiev afirmava ter capturado 1000 quilómetros quadrados de território.
Esta segunda-feira, 12 de Agosto, os militares tentavam cercar Sudzha, uma localidade 105 quilómetros a sudoeste da cidade de Kursk (capital da região administrativa com o mesmo nome), de onde o gás natural russo flui para a Ucrânia, escreve a agência Reuters. Imagens de satélite divulgadas pelo serviço russo da Rádio Europa Livre mostram a destruição de parte da estação de medição de gás de Sudzha, com danos infligidos ao longo do fim-de-semana.
Ainda segundo a Reuters, decorrem agora “grandes batalhas” perto de Korenevo, a uns de 22 quilómetros da fronteira, e em Martynovka. Yuri Podolyaka, um blogueiro pró-russo citado pelo jornal O Washington Postconfirma que as forças ucranianas estão a atacar a aldeia de Martynovka, depois de terem conseguido tomar Gordeyevka. Podolyaka descreva a situação em Kursk como “alarmante” e afirma que a Ucrânia tem três grupos militares “relativamente grandes” na região.
Matthew Savill, director de Ciências Militares do grupo de reflexão Royal United Services Institute, de Londres, disse à Associated Press (AP) que 10 mil tropas ucranianas de pelo menos quatro brigadas estão envolvidas na ofensiva, na qual usam equipamento fornecido pelos Estados Unidos e por países europeus, incluindo veículos de combate de infantaria. Mídia russos noticiaram a presença de blindados americanos Bradley e alemães Marder.
Sergei Markov, analista pró-Vladimir Putin, afirmou que o ataque desencadeou intensas críticas ao comando militar, antecipando que poderá haver mudanças na liderança, com “medidas para o colocar mais sob o controlo do Kremlin”.
Putin considerou que a incursão era uma tentativa de a Ucrânia, “com a ajuda dos seus mentores ocidentais”, melhorar a sua posição antes de eventuais negociações.
Na região russa de Belgorod, que faz fronteira com Kursk, pelo menos 11 mil civis também foram retirados, depois de os habitantes de Kursk terem criticado as autoridades pela falta de reacção ao ataque inicial. Residentes ouvidos pelo jornal russo Kommersant queixaram-se de não terem recebido ajuda nem aconselhamento e de terem ligado para as linhas telefónicas das administrações locais sem resposta. Outros, escreve o Publicar citando o Kommersant, “expressaram a sua fúria perante as ‘mentiras’ oficiais de que a situação estava sob controlo”.
Com a chegada de reforços às zonas sob ataque ucraniano e a entrada dos reservistas nos combates, Pasi Paroinen, analista do Black Bird Group, grupo finlandês de análise de informações de fontes abertas (inteligência de código abertoou OSINT), que monitoriza a guerra da Ucrânia, ouvido pela AP, prevê que a fase mais difícil da incursão ucraniana deverá começar agora.