Não é preciso consultar estatísticas para saber que, em agosto, nos fartamos de viajar. Há também os que gostavam de viajar mas não podem, já sei; mas em contrapartida há os que podem e não viajam. E há os que já não podem com tanta viagem e os que viajam mesmo quando não podem e depois lhes falta para coisas mais locais. Tudo isto mostra que a viagem é um tema complexo, como se diz agora até das coisas mais simples. A viagem é uma deslocação. Mas é uma deslocação que é muito mais do que ela própria: a viagem começa antes e acaba depois da deslocação. Uma deslocação pode ser só ir a um sítio e regressar. Pode até ser longe, mas é tão instrumental como ir de metro para o trabalho. A viagem, essa, é toda uma outra coisa. Normalmente implica demoradas ponderações. Tomada enfim a decisão de viajar, a mente desloca-se para o destino. É esta a primeira deslocação, ainda antes da deslocação.
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