Você gostaria se pudesse recarregar as energias apenas sentando-se ao sol? A capacidade de usar a luz solar para converter dióxido de carbono (CO2) e água em oxigênio e energia é tradicionalmente domínio exclusivo das plantas e algas. Agora, porém, pesquisadores no Japão criaram com sucesso células animais fotossintéticas.
Os biólogos pegaram cloroplastos – os componentes celulares responsáveis pela fotossíntese – de algas vermelhas e os injetaram em células de hamster. Como resultado, as células animais ganharam a capacidade de fotossintetizar luz. Essa conquista, detalhada em estudo publicado em 31 de outubro na revista Anais da Academia do Japãodesafia a suposição de que a combinação de cloroplastos com células animais é impossível.
“Até onde sabemos, esta é a primeira detecção relatada de transporte fotossintético de elétrons em cloroplastos implantados em células animais”, disse Sachihiro Matsunaga, da Universidade de Tóquio, coautor do artigo, em um relatório da Universidade de Tóquio. declaração. O transporte fotossintético de elétrons é o estágio da fotossíntese que produz a energia de uma planta ou alga.
“Pensamos que os cloroplastos seriam digeridos pelas células animais poucas horas após serem introduzidos”, acrescentou. “No entanto, o que descobrimos foi que eles continuaram funcionando por até dois dias e que ocorreu o transporte de elétrons da atividade fotossintética.”
Os investigadores confirmaram isto analisando o cloroplasto dentro das células do hamster através de várias técnicas de imagem, e aplicaram um método que utiliza pulsos de luz para estabelecer que o transporte fotossintético de electrões estava realmente a acontecer. “Especulamos que os cloroplastos incorporados nas células animais podem permanecer estáveis e produzir energia continuamente, independentemente das condições ambientais”, escreveram eles no estudo.
Embora a ideia de animais movidos a energia solar seja intrigante, na verdade esse não é o objetivo; a visão da equipe para a aplicação futura desta tecnologia é mais prática. Eles sugerem que os “planimais”, como são chamados, poderiam ser incorporados à engenharia de tecidos artificiais. O tecido cultivado em laboratório às vezes tem dificuldade para crescer devido à falta de oxigênio, o que poderia ser resolvido com a introdução de células animais fotossintéticas.
“Tecidos cultivados em laboratório, como órgãos artificiais, carne artificial e camadas de pele, são feitos de múltiplas camadas de células. Porém, existe o problema de não poderem aumentar de tamanho devido à hipóxia (baixos níveis de oxigênio) no interior do tecido, o que impede a divisão celular”, explicou Matsunaga. “Ao misturar células implantadas em cloroplastos, o oxigênio poderia ser fornecido às células através da fotossíntese, por irradiação luminosa, melhorando assim as condições dentro do tecido para permitir o crescimento.”
Os investigadores notaram que as células de hamster infundidas com cloroplasto também tiveram uma taxa de crescimento mais elevada, o que sugere que o cloroplasto passou uma fonte de carbono (combustível) para as células animais, além do oxigénio.
A equipe planeja continuar sua pesquisa inovadora sobre essas células “planimais”. Quem sabe, talvez no futuro, suas plantas domésticas não sejam as únicas a aproveitar o sol para se animar.