O Telegram editou discretamente seu Perguntas frequentes para remover a linguagem que afirma que não modera chats privados e em grupo, conforme relatado por CoinDesk. Uma seção com o título “Há conteúdo ilegal no Telegram. Como faço para retirá-lo?” declarou anteriormente que o conteúdo em chats e chats em grupo permanece entre os participantes. Agora, porém, a seção diz que “todos os aplicativos do Telegram têm botões ‘Denunciar'” que darão uma maneira para os usuários sinalizarem conteúdo ilegal para os moderadores do aplicativo. Os usuários só precisam tocar na mensagem no Android, ou pressionar e segurar no iOS, e escolher a opção Denunciar. Eles também podem anotar os links para o conteúdo que desejam denunciar e enviar um e-mail para o endereço de e-mail de remoção do serviço (abuse@telegram.org).
A mudança ocorre depois que o chefe do Telegram, Pavel Durov, publicou seu primeiro comentário público após sua prisão em seu canal. Durov foi preso em um aeroporto na França no final de agosto como parte da investigação das autoridades sobre a falta de moderação no aplicativo e sua falha em coibir atividades criminosas. Ele já foi liberado da custódia, mas foi acusado de “cumplicidade na distribuição de pornografia infantil, drogas ilegais e software de hacking” no aplicativo de mensagens, bem como “recusa a cooperar com investigações sobre atividades ilegais no Telegram”.
Autoridades francesas aparentemente disseram a Durov que ele foi preso porque não receberam nenhuma resposta do Telegram sobre sua investigação. Isso foi surpreendente, o fundador do aplicativo explicou em sua postagem, porque o Telegram tem um representante oficial na UE e um endereço de e-mail disponível publicamente para qualquer pessoa. Ele também disse que as autoridades francesas tinham várias maneiras de contatá-lo para obter assistência e que ele até mesmo as ajudou anteriormente a estabelecer uma linha direta do Telegram para lidar com ameaças de terrorismo no país. Além disso, ele chamou a decisão das autoridades francesas de “acusar um CEO de crimes cometidos por terceiros na plataforma” que eles administram de uma “abordagem equivocada”. Nenhum inovador construirá ferramentas novas, ele disse, eles podem ser responsabilizados pelo potencial abuso dessas ferramentas.
Durov também falou sobre como o Telegram defende os direitos básicos das pessoas, especialmente em lugares onde eles são violados. Na Rússia, por exemplo, o Telegram foi banido quando o serviço se recusou a entregar chaves de criptografia que permitirão que autoridades espionem usuários. Ele disse que o serviço remove “milhões de postagens e canais prejudiciais todos os dias”, publica relatórios de transparência e mantém linhas diretas com ONGs para solicitações urgentes de moderação.
O CEO admite, no entanto, que o Telegram tem espaço para melhorias. Seu “aumento abrupto na contagem de usuários” para 950 milhões “causou dores de crescimento” que tornaram mais fácil para criminosos abusarem de sua plataforma. O Telegram visa “melhorar significativamente as coisas a esse respeito” e já iniciou o processo internamente. Presumivelmente, essa mudança em suas regras é parte dos esforços do serviço de mensagens para abordar as acusações das autoridades de que ele falhou em impedir que criminosos usassem seu aplicativo. Para observar, o serviço relatou no início deste ano que tem 41 milhões de usuários na União Europeia, mas as autoridades acreditam que ele mentiu sobre seus números de usuários para evitar ser regulamentado pelo Digital Services Act (DSA).